Caçula da CBDV em Paris, judoca convidada mira o pódio: 'Não quero só fazer bonito'
Kelly faz expressão de força enquanto segura quimono de adversária argentina, de costas para a imagem, durante combate no Parapan de Jovens de Bogotá, no ano passado. Ao fundo, árbitra da luta observa. Foto: Alessandra Cabral/ CPB.

Caçula da CBDV em Paris, judoca convidada mira o pódio: 'Não quero só fazer bonito'

por Comunicação CBDV publicado 2024/08/09 12:21:13 GMT-3, Última modificação 2024-08-09T12:21:13-03:00
Aos 20 anos de idade, Kelly Kethyllin recebeu de última hora convocação para seus primeiros Jogos Paralímpicos

09/08/2024
São Paulo/SP


Imagine você, aos 20 anos de idade, receber um telefonema a 40 dias dos Jogos Paralímpicos e, do outro lado da linha, sua treinadora lhe dizer: "Se prepare, você foi convocada e vai defender a Seleção Brasileira em Paris". A história surreal é o início da jornada da judoca sul-mato-grossense Kelly Kethyllin na maior competição do planeta. Mais nova atleta da delegação da CBDV (Confederação Brasileira de Desportos de Deficientes Visuais) na edição francesa da Paralimpíada, que terá início no próximo dia 28, ela foi uma das duas judocas brasileiras chamadas pelo Comitê Paralímpico Internacional a participar do evento via convite.


Apesar de a ficha ainda não ter caído totalmente desde o telefonema recebido da sensei Anne Talitha, uma das técnicas da Seleção, Kelly não pretende ir a Paris apenas a passeio: "Eu quero uma medalha! Convidado ou não, o atleta que tem o privilégio de ir a uma Paralimpíada não pode ir pensando apenas em fazer bonito, tem de ir com o objetivo de trazer pelo menos um bronze, e é o que eu quero", conta a atleta do Ismac-MS (Instituto Sul-Mato-Grossense para Cegos Florivaldo Vargas).


Kelly ainda vinha integrando a Seleção de base, pela qual foi medalhista de ouro no Parapan de Jovens 2023, em Bogotá, na Colômbia. A judoca, que teve má-formação no nervo óptico, ocupava a décima colocação do último ranking paralímpico divulgado pela IBSA (sigla em inglês para Federação Internacional de Esportes para Cegos). Ela lutará na categoria até 70 kg para atletas J2 (baixa visão), a mesma da atual campeã paralímpica Alana Maldonado. "Não importa se tem amizade ou não fora do tatame, lá dentro somos todos atletas que queremos nosso lugar no pódio", diz.

 

53553446707_2ec4eb4b06_k.jpg
Kelly, que tem a pela bem morena e o cabelo preto preso em um rabo de cavalo, está apoiando o peso do corpo no joelho direito durante aquecimento, enquanto olha com expressão séria ao lado oposto. Ela veste quimono branco. Foto: Renan Cacioli/ CBDV.


Competidora há menos de quatro anos, Kelly confessa que nem vinha pensando tanto no judô como de costume. Nascida em Campo Grande (MS), ela estava trabalhando em uma pizzaria para complementar a renda e ajudava a cuidar da avó. "A gente tem uma realidade diferente fora daqui. Aqui, a gente só se dedica ao esporte, é um privilégio muito grande. Mas, em casa, a realidade é outra. Muitos atletas têm uma rede de apoio para se dedicar apenas ao esporte. Entre o amor que eu tenho pelo esporte e o amor que tenho pela minha família, às vezes, a família vem em primeiro lugar", explica.


Agora, porém, o apoio em casa é para que ela foque toda a energia nos Jogos Paralímpicos. "Não estava esperando por algo tão grande. A Paralimpíada é o marco na vida de qualquer atleta, é o sonho de qualquer um que deseja uma vida no esporte. E eu aqui, treinando com esses faixas preta, marrom, sendo eu uma mera faixa amarela!", brinca a judoca.


Sobre o judô paralímpico em Paris


O país estará representado em 14 das 16 categorias presentes no programa da modalidade. Além das duas vagas por convite, foram convocados 13 atletas que se classificaram pelo ranking. As lutas em Paris acontecerão nos dias 5, 6 e 7 de setembro, na Arena do Campo de Marte, com as preliminares começando às 5h e as finais, entre 10h30 e 11h (horários de Brasília).


O judô paralímpico é a terceira modalidade que mais rendeu medalhas ao país na história das Paralimpíadas: foram 25 ao todo, sendo cinco ouros, nove pratas e 11 bronzes. Somadas as três modalidades administradas pela CBDV, são 33 pódios: além dos 25 com o judô paralímpico, foram cinco com o futebol de cegos e três com o goalball. 

 

Patrocínio

A Loterias Caixa é a patrocinadora oficial do futebol de cegos, goalball e judô paralímpico brasileiros.


Comunicação CBDV
Renan Cacioli
[email protected]
+ 55 11 99519 5686 (WhatsApp)

Voltar ao topo