Bicampeã paralímpica, Alana Maldonado jogou futsal antes de brilhar no judô
10/12/2024
São Paulo/SP
Na semana passada, as judocas da Seleção Brasileira Alana Maldonado e Rebeca Silva, medalhistas de ouro nos Jogos Paralímpicos de Paris 2024, e o técnico Jaime Bragança foram convidados do podcast "DNA do Esporte", em São Caetano do Sul (SP). Em papo descontraído, o trio contou um pouco sobre o início de suas trajetórias na modalidade. Nascida em Tupã (SP), Alana tentou outras modalidades antes que a Doença de Stargardt, patologia rara que leva à perda progressiva da visão, mudasse sua vida aos 14 anos. A paixão daquela que se tornaria a primeira mulher do país a ganhar um ouro paralímpico era, até então, o futsal.
"Comecei no judô porque minha avó trabalhou durante 20 anos em uma academia de judô. Meus pais se casaram muito jovens e eu ficava com meus avós. O sensei me deixou começar com 4 anos e, aí, comecei a ficar o dia inteiro na academia. Mas quando tinha 7, 8 anos, eu gostava de todos os esportes, e era apaixonada por futsal. Era uma briga em casa, meus avós e meus pais queriam que eu fosse para o judô e eu queria partir para o futsal. Queria ser atleta profissional de futsal. Cheguei a morar em Santa Catarina, eu tinha 14 anos, fui fazer um teste, passei e já fiquei morando lá. Nesse período, descobri a deficiência, parei com o futsal, voltei para Tupã, parei com o judô também, para a adaptação à nova vida, e aí voltei a praticar o judô, mas não pensando em ser atleta, pensei só em competir e estudar", contou Alana, que chegou a jogar pelo Avaí Kindermann, time de Santa Catarina.
Já na faculdade, ela conheceu a AMEI-SP (Associação Maríliense de Esportes Inclusivos): "Mas eles também não conheciam judô para baixa visão, só conheciam para cego total. Nessa época, não víamos muito esporte paralímpico, não tinha divulgação. Fiz teste para atletismo e natação, mas odeio correr e odeio nadar. Voltei e continuei estudando. Me ligaram e disseram que viram que tinha campeonato para baixa visão. Topei (participar) sem compromisso. Fui campeã brasileira, voltei para casa normal. Em janeiro, recebi a convocação e vi minha vida toda mudar para ser atleta profissional", completou a judoca, que além do bicampeonato paralímpico ganharia também dois títulos mundiais (Baku 2022 e Odivelas 2018).
Rebeca revela nervosismo na estreia
Estreante em Jogos Paralímpicos neste ano, Rebeca Silva, de 23 anos, relembrou como se sentiu em sua primeira participação: "Para ser bem sincera, eu estava um pouco assustada. A gente fica um pouco, é uma emoção muito grande, uma coisa de maluco. Eu vim num ciclo muito bom, mas cheguei no fim e dei uma caída no rendimento. Cheguei na Paralimpíada confiante, mas com o pé no chão, muito atenta. É a vida ali, é o sonho de qualquer atleta estar em uma final", revelou a atleta, que, assim como Alana, também se arriscou em outros esportes antes de cair no tatame.
"Eles me colocaram para fazer arremessos no atletismo. Fazia peso, disco e dardo. Cheguei a ganhar medalhas em Jogos Regionais. Quando tinha 11,12 anos, participei de um projeto de natação na Prefeitura de São Bernardo. Ligaram e me convidaram para fazer parte do projeto de judô. Minha mãe me levou e me apaixonei na primeira aula, falei que queria o quimono e que queria continuar. Três meses depois, participei das Paralimpíadas Escolares e já tive um destaque, fui bem e fui migrando, foi meio no 'vai que dá certo'", completou ela.
Jaime relembra trajetória vitoriosa na Seleção
Além das experiências das atletas, o técnico Jaime Bragança contou um pouco mais sobre sua carreira no judô e como iniciou no esporte paralímpico, justamente em São Caetano: "Na época de São Caetano, eu já dava aula no Centro Esportivo da Mooca e trabalhava durante o dia como preparador. Recebemos a associação de pessoas cegas procurando a prática do judô no Centro Esportivo. Passei a treiná-los, tivemos bons resultados e, em 2015, eu já recebi o convite para participar da Seleção em um campeonato no Brasil, na Copa do Mundo e no Campeonato Pan-Americano. A partir de lá, fiz o ciclo de Pequim como auxiliar técnico, fui me adaptando, treinando. Muitos atletas que vieram dessa associação participaram de Pequim e foi meio que natural. Apesar da adaptação nossa na metodologia para dar treino, judô é judô, judô não muda. Foi uma adaptação bem bacana, me ajudou muito na minha prática profissional", disse.
O treinador destacou a evolução administrativa da modalidade, hoje muito mais amparada do que no seu início. "Temos a Lei Agnelo/Piva junto com os patrocinadores, que sustentam o esporte paralímpico nacional. Hoje, está bem organizado, temos a CBDV, que organiza os campeonatos nacionais, os campeonatos são gratuitos. Qualquer entidade ou associação que quiser trabalhar com judô paralímpico não tem taxa para se filiar, não tem taxa de inscrição. Convido você a participar do próximo Grand Prix nacional. É tudo gratuito: alojamento, alimentação, fica lá no CT. A partir daí, vamos selecionando os atletas para a Seleção. Temos treinamentos na Seleção onde os atletas não têm custo algum: viagens, uniforme, quimono. Estamos em outro momento do esporte, em que os atletas têm hoje infinitamente melhores condições para se desenvolver", frisou.
Clique no link abaixo para assistir ao episódio inteiro do podcast DNA do Esporte com a participação do trio:
Patrocínio
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