Brasil antecipa formação do futebol de cegos de olho nas próximas gerações
Professor David Xavier orienta garoto Jeremias, de 9 anos, que está próximo da bola, no campo de grama sintética do CT Paralímpico, em São Paulo. Foto: Kelvin Bakos/ Divulgação.

Brasil antecipa formação do futebol de cegos de olho nas próximas gerações

por Comunicação CBDV publicado 2022/06/09 11:22:53 GMT-3, Última modificação 2022-06-09T11:22:53-03:00
Iniciativa inédita de trabalhar com crianças a partir dos oito anos visa, a longo prazo, rejuvenescer elenco da Seleção Brasileira

09/06/2022
São Paulo/SP


A Seleção Brasileira de futebol de cegos construiu, ao longo de mais de duas décadas, uma história praticamente perfeita coroada com cinco títulos paralímpicos, cinco Mundiais, dentre tantas outras conquistas. Trabalho que passou por muitas mãos e mentes que rodaram o país garimpando talentos. Muitos desses craques já ultrapassaram os 30 anos, o que vem resultando na renovação natural da modalidade com a equipe sub-20. A ideia, agora, é ir além. Desde o início da semana, um grupo de 11 crianças entre 8 e 17 anos está reunida para um período de atividades no Centro de Treinamento Paralímpico, em São Paulo.


São jovens vindos de quatro estados – São Paulo, Minas Gerais, Ceará e Paraíba – para aprender, literalmente, os primeiros passos em quadra sob orientação dos professores Antônio Bahia e David Xavier, acostumados a lapidar jogadores de futcegos. A dupla foi escolhida a dedo pelo técnico da Seleção principal, Fábio Vasconcelos.


"Nunca foi feito um trabalho de base com crianças dessa idade na Seleção. É necessário pensar na formação logo cedo, para que os talentos cheguem aos 16, 17 anos, já prontos para a transição definitiva à equipe principal. Senão, eles vão despontar já aos 26, 27, e você perde um tempo precioso", explica Fábio, no comando da equipe desde 2013, quando se aposentou da função de goleiro do time brasileiro e deu sequência à carreira vitoriosa como treinador. "Bahia e David são profissionais acostumados com esse trabalho de desenvolvimento motor, a formação bem do início mesmo. Antigamente, tinha garoto com quase 18 anos que chegava sem os fundamentos, mal conseguia conduzir a bola. Queremos desenvolver um trabalho de longo prazo com essas crianças. Quem sabe, lá na frente, elas não sejam os futuros Ricardinhos e Jefinhos do Brasil", conclui.


Claro que, por ser uma fase mais de aprendizado que de cobrança, a rotina passa por atividades além do campo de jogo. Por exemplo, na piscina do CT: "É um trabalho de integração para desenvolvê-los por completo. Nós fazemos um quebra-cabeça. Eles fazem várias atividades fora da quadra, inclusive na piscina, para somente depois terem contato com a bola", salienta Bahia, que, além de ter descoberto talentos para o futebol de cegos, também chegou a treinar Moniza, quando ela tinha apenas cinco anos de idade. Atualmente, a atleta é presença constante nas convocações da Seleção Brasileira feminina de goalball


"Há muitas pessoas com deficiência visual no país que não têm oportunidade de conhecer um esporte. Quando esses meninos voltarem às cidades deles, depois deste contato com a estrutura do CT Paralímpico, vão incentivar outros jovens a procurarem uma modalidade. Tenho certeza disso", finaliza o professor. 

 

WhatsApp Image 2022-06-07 at 18.23.15.jpeg
Coordenador de Seleções, Kelvin Bakos, faz selfie com o grupo de crianças, que estão sentadas no chão
com as chuteiras que a CBDV comprou para presenteá-las e incentivá-las a seguirem praticando a modalidade.
Ao lado delas, os profissionais que estão trabalhando no campo de treinamento.


CBDV foca na base em outras modalidades


Vale destacar que a renovação não passa apenas pelo futebol. Um dos focos da CBDV (Confederação Brasileira de Desportos de Deficientes Visuais) para 2022 foi a criação de comissões técnicas específicas para trabalhar com jovens atletas. Campos de base também de goalball e judô paralímpico têm sido realizados periodicamente.


*(Com informações do Comitê Paralímpico Brasileiro)


Comunicação CBDV
Renan Cacioli
[email protected]
+ 55 11 99519 5686 (WhatsApp)

Voltar ao topo