Estudo mostra que maioria das lutas no judô paralímpico dura menos de dois minutos
29/11/2024
São Paulo/SP
Um estudo coordenado pelo fisioterapeuta da CBDV (Confederação Brasileira de Desportos de Deficientes Visuais) Rafael Júlio de Paula, integrante da comissão técnica da Seleção Brasileira de judô paralímpico, mostrou que as lutas duram, em média, menos de dois minutos. Vale lembrar que o tempo regulamentar de um combate é de quatro minutos. O trabalho analisou o tempo de desfecho de 13 torneios da modalidade disputados entre os Jogos Paralímpicos de Tóquio 2020 e os de Paris 2024: o Campeonato Mundial de Baku 2022; o Parapan de Santiago 2023; os Jogos Mundiais da IBSA 2023; e dez etapas de Grand Prix. Ao todo, foram 579 lutas catalogadas, sendo que 91% delas terminaram com menos de dois minutos do tempo total e apenas 9% acabaram decididas no chamado golden score, como é conhecida a prorrogação no judô.
Os dados agora servirão para auxiliar a comissão técnica na preparação para o ciclo de Los Angeles 2028. A ideia é que os treinos passem a contar com exercícios realizados em menor tempo e maior intensidade, o que vai preparar melhor os atletas para que o desempenho nos primeiros minutos de luta seja o mais adequado possível à descoberta do estudo.
"Os resultados do estudo são de extrema relevância para o planejamento dos treinos da Seleção de judô e para equipes e treinadores de clubes. Com dados desse tipo, mostra-se a importância do planejamento de treino de forma específica", diz Rafael, que trabalha como fisio da Seleção desde 2022.
Dados aliados ao alto rendimento
O estudo mencionado foi mostrado durante o VII Congresso Paradesportivo Internacional, evento que reuniu, na semana passada, profissionais para debates, cursos, oficinas e painéis de apresentação de pesquisas que abordam o paradesporto como tema principal. O Congresso aconteceu dentro do Expo Brasil Paralímpico, evento que promoveu o paradesporto ao longo de quatro dias dentro da Reatech, uma das feiras mais importantes da América Latina dedicadas à promoção da acessibilidade e da qualidade de vida das pessoas com deficiência.
Outras duas pesquisas de judô paralímpico também tiveram destaque no Congresso. Uma delas apresentou os resultados de uma nova variável, denominada "Variabilidade da Frequência Cardíaca" para controlar a dose ideal de treino dos atletas. O estudo verificou que esta variabilidade indica quando os atletas estão acumulando fadiga, algo importante para evitar excesso de treino. Outro trabalho mostrou como a monitoração fisiológica contribuiu para a preparação final dos judocas no ciclo de Paris 2024. Até as competições anteriores, era feita sempre uma redução gradual nas cargas de treinos de sete a 21 dias antes das lutas. Porém, a redução era igual para todos os atletas. Para os Jogos na capital francesa, a comissão técnica personalizou a redução das cargas de acordo com as necessidades individuais. Como resultado, dois dias antes da competição, todos os judocas estavam plenamente restaurados fisicamente, em condições ideais para os combates. Vale lembrar que, em Paris, o Brasil obteve o melhor desempenho do judô paralímpico em toda a história: oito pódios, sendo quatro ouros, duas pratas e dois bronzes.
"A gente tem potencial para ajustar o treinamento em função da realidade das lutas. Agora temos dados para embasar as mudanças necessárias. Em vez de um atleta fazer um exercício de quatro minutos, por exemplo, em uma intensidade oito numa escala de zero a dez, agora vai fazer duas séries de dois minutos em uma intensidade nove", explica o fisiologista Alexandre Sérgio da Silva, que assumiu a Coordenação de Fisiologia e Ciência dentro da nova Equipe Multidisciplinar da CBDV apresentada no último sábado, durante encontro da área técnica da Confederação para o ciclo 2025-2028.
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