Garotada chama a responsabilidade na Série B e sonha alto na carreira

28/11/2022
São Paulo/SP

Entrar na dura briga pelo acesso à Primeira Divisão do futebol de cegos nacional não é tarefa para qualquer um. Mas se engana quem pensa que apenas veteranos atletas com anos de experiência na modalidade são o segredo das equipes que disputam a Série B do Campeonato Brasileiro na luta pelas duas vagas disponíveis este ano. Alguns garotos têm chamado a atenção e se destacaram nas duas rodadas realizadas até aqui. O sonho de atletas como Kauan, do Cadevi/SP, de apenas 15 anos, e Raynã, da Acelgo/GO, de 19, vai longe e mira um futuro promissor com a camisa da Seleção Brasileira.

"Desejo muito fazer carreira na Seleção, mas, primeiro, penso em manter um alto nível no time que eu estiver. Se eu chegar à Seleção pelo meu desempenho, com certeza buscarei ser destaque", diz Kauan, que começou a praticar o futcegos em 2016, quando tinha 11 anos. Dois anos depois, veio a primeira convocação para a Seleção sub-20: "Foi uma mistura de emoção em saber que gente lá de cima me observava. Quero evoluir cada vez mais e, assim, eu poderei substituir bem os que estão na Seleção principal hoje em dia", aposta o garoto, que perdeu a visão após adquirir conjuntivite e catarata entre os cinco e sete anos de idade.

A condução de bola apurada do jovem talento já impressiona quem tem muito tempo de modalidade. Auxiliar técnico da Seleção Brasileira, Josinaldo Sousa, o Bamba, está na capital paulista acompanhando a Série B e diz ver grande futuro em Kauan: "Ele tem uma técnica diferenciada. Ainda é um pouco franzino, precisa encorpar para aguentar o jogo mais pegado. Mas certamente é um talento a ser lapidado para o futuro", diz.

O Cadevi, equipe do Kauan, acabou se complicando um pouco na competição após o empate em 0 a 0 com a AFCP/PE, nesta segunda-feira, no CT Paralímpico Brasileiro, em São Paulo. Para avançar às semifinais, terá de ganhar da líder Urece/RJ no último confronto da fase classificatória. Já a Acelgo, do Raynã, somou seu quarto ponto no campeonato graças ao empate por 1 a 1 com a ADVP/PE. Mais rodado que Kauan, o jovem da equipe goiana esteve neste ano sob comando de Bamba na conquista do Grand Prix da França, quando o Brasil foi representado por um time apenas de garotos.

"O futebol de cegos me dá essa chance de jogar uma modalidade, sem contar as portas que abre a outras oportunidades por meio do esporte", acredita Raynã, praticamente desde os 15 e convocado pela primeira vez no ano seguinte. "Estava em casa e meu treinador me avisou que meu nome tinha aparecido no site da CBDV. Até chorei de alegria, foi uma felicidade muito grande porque eu não imaginava, fazia pouco tempo que tinha começado a jogar", recorda-se o atleta.

A definição dos quatro semifinalistas acontece na terceira e última rodada da fase de grupos. Confira a tabela completa com os resultados até aqui e a sequência dos próximos jogos:

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Futebol B2/B3 começa nesta terça

Após não ser disputada nas duas últimas temporadas em virtude da pandemia, a Copa Brasil de Futebol B2/B3 terá início nesta terça, também no CT Paralímpico, na capital paulista, com a participação de três equipes: a Urece Esporte e Cultura defenderá o título de 2019 contra a Acadev-RS (Associação Carazinhense De E Para Deficientes Visuais) e o CFA-PR (Clube de Futebol Adaptado). Os times se enfrentam duas vezes cada. Os dois melhores farão a final no dia 1º, às 10h30 (de Brasília).

Veja a tabela de jogos da competição:

Patrocínio

A Loterias Caixa é a patrocinadora oficial do futebol de cegos brasileiro.

Comunicação CBDV
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