Gigante entre os grandes, Derocy bota Escema no páreo do Regional
19/04/2022
João Pessoa/PB
A Escema (Escola de Cegos do Maranhão) não tem o elenco estrelado da Apace-PB nem o investimento da Apadevi-PB. Não esteve em finais seguidas de Séria A como o Cedemac-MA, presente às decisões nacionais de 2019, 2018 e 2017. Mas busca, a exemplo dos três adversários citados, brilhar no Regional Nordeste de futebol de cegos, que começou nesta terça (19), em João Pessoa. Para desafiar os grandes, a aposta é num gigante. Com 1,95 m de altura, o ala Derocy, de 34 anos, botou a Escema no páreo com o gol da vitória por 1 a 0 sobre a Apid (Associação Paraibana de Inclusão aos Deficientes).
"Nosso objetivo principal é avançar às etapas eliminatórias. Atingindo o quadrangular final, já será um objetivo alcançado", diz o maranhense nascido em Poção de Pedras. O porte físico do jogador chama a atenção. Mas nem sempre foi assim. "No começo, eu era muito magro. Como era alto, não tinha muita estabilidade. Às vezes, um jogador mais baixo levava vantagem. A medida que fui ganhando massa e recebendo a orientação dos treinadores para utilizar o corpo na proteção da bola, para fazer o giro, fui alinhando a massa que ganhava com a noção técnica de que podia utilizar isso a meu favor", explica. Os 80 kg da época mais "mirrada" viraram 93 kg. Os rivais que lutem para brecá-lo.
Apesar de integrar o quarteto nordestino já classificado para a Série A deste ano, a Escema seria como o elo mais fraco, ao menos na teoria. Por isso o objetivo é somar três pontos nesta quarta, diante da Acep-PI, para chegar no último confronto da fase classificatória, contra a Apadevi, já classificada. Derocy estará na quadra do Instituto dos Cegos da Paraíba Adalgisa Cunha, palco do torneio, para defender a instituição que mudou sua vida. Nascido com baixa visão, ele se mudou para São Luís (MA), aos 11 anos de idade, quando ficou totalmente cego e conheceu o futebol de cegos na Escola de Cegos.
"Para mim, o mais importante é a oportunidade de me incluir numa atividade. O esporte adaptado é uma possibilidade para as pessoas com deficiência participarem delas", defende o atleta, que traça trajetória curiosa, como o próprio conta: "Jogo desde os 15 anos, mas minha carreira teve vários intervalos muito longos sem participar de competições. Acabei priorizando estudo, trabalho, família. Joguei de 2004 a 2006 e parei. Voltei em 2011 e 2012, parei de novo. Retornei em 2016 e 2017 e parei. Estou de volta desde o ano passado", explica o artilheiro que, fora da quadras, é professor de Braille.
da Apid é bem mais baixo.
Como foi a primeira rodada
Dos 11 participantes do Regional Nordeste, dez entraram em quadra nesta terça e quase todos os favoritos venceram. Atual campeão, o Cedemac (Centro Desportivo Maranhense de Cegos) abriu o campeonato com 1 a 0 sobre a AFCP (Associação Futsal de Cegos de Pernambuco). O gol foi marcado pelo argentino Frederico Accardi. Também com gols de estrangeiros, a Apadevi (Associação Paraibana dos Deficientes Visuais) fez 3 a 0 na Acep (Associação dos Cegos do Piauí). Os colombianos Jhon Gonzalez (duas vezes) e Juan Quintero balançaram as redes.
Maior surpresa da rodada, a Apace (Associação Paraibana de Cegos), atual vice-campeã brasileira, não conseguiu furar o bloqueio dos baianos do CAP (Centro de Apoio Pedagógico ao Deficiente Visual) e ficou no 0 a 0, mesmo placar de ICB (Instituto de Cegos da Bahia) contra os cearenses da Adesul (Associação D'eficiência Superando Limites).
Confira todos os resultados da primeira rodada:
Cedemac-MA 1 x 0 AFCP-PE
ICB-BA 0 x 0 Adesul-CE
Escema-MA 1 x 0 Apid-PB
Apadevi-PB 3 x 0 Acep-PI
Apace-PB 0 x 0 CAP-BA
Nesta quarta, a segunda rodada será disputada com os seguintes confrontos:
08h30: ESCEMA x ACEP
09h45: APADEVI x APID
11h00: CEDEMAC x ADESUL
15h00: ICB x AFCP
16h15: ADVP x CAP
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