Argentino larga o triátlon e reencontra no Brasil alegria em jogar goalball
Por Comunicação CBDV
12/11/2021
São Paulo/SP
Quem abrir o Instagram de Patricio Finoli (@patofinolitriatleta), que disputa o Campeonato Brasileiro - Série A pela Acesa (Associação Catarinense de Esportes Adaptados), não encontrará absolutamente nenhuma foto relacionada ao goalball. Em vez disso, há imagens dele nadando, correndo, andando de bicicleta. Bem, o nome do perfil do argentino na rede social já dá uma pista de que a bola azul andou meio esquecida nos últimos anos.
Para ser mais exato, foram quatro anos longe das quadras. Sua última competição oficial havia sido justamente o Brasileiro de 2017. E o retorno agora teve forte influência do país pelo qual ele se encantou há tempos.
"Serei sempre agradecido ao Romário e ao Leomon", diz, citando dois dos maiores nomes do esporte. "Eles me animam, me incentivaram a seguir. Para eles, eu era um dos melhores do mundo. E bem... Se eles, que para mim são os melhores, disseram isso, tenho de escutá-los (risos). Sou muito agradecido ao Brasil. Minha carreira no goalball foi mais aqui do que na Argentina. O Campeonato Brasileiro tem tanto nível quanto um Parapan", elogia o jogador de 37 anos.
O "até logo" ao goalball, em 2017, teve a ver com desavenças entre o atleta e a Federação Argentina. Segundo Finolli, as suas constantes reclamações por melhorias na estrutura e organização da modalidade o afastaram da Seleção, pela qual já havia disputado dois Parapans – Toronto 2015 e Guadalajara 2011.
"Sempre sofri com a falta de apoio por lá. Fiquei muito deprimido, o goalball é minha vida", conta. O remédio para curar a tristeza foi buscar outro esporte. Que, no caso, acabou virando três. "Comprei uma bicicleta para ciclismo, mas eu precisava de um guia. Então, achei um que me convenceu a tentar o triátlon." Os resultados vieram rapidamente e, logo, ele integrava a Seleção Argentina da modalidade.
#Acessibilidade: Finoli está nadando em uma piscina a céu aberto. Ele usa touca azul e óculos de natação. Foto: Arquivo pessoal.
Em janeiro deste ano, porém, a troca no comando do goalball em seu país natal trouxe a oportunidade de voltar à modalidade preferida. A ideia inicial era disputar o Campeonato das Américas, que estava marcado para outubro, em São Paulo, e depois pensar no que fazer com o triatlo. O adiamento da competição para fevereiro, porém, mudou os planos. "O Roger me convidou de novo e, bem, aqui estou", conta, citando o técnico da Acesa-SC, Roger Scherer. Estava refeita a parceria de uma década atrás...
Títulos e sonhos
Em 2011, a Argentina veio realizar amistosos contra equipes do Sul do Brasil. Foi quando Roger chamou "Pato" Finolli pela primeira vez. Logo na estreia em nacionais, o gringo marcou 26 gols. Foi o terceiro na lista de artilheiros, atrás de Romário (29 pela Apace-PB) e Luizão (35 pelo CEIBC-RJ). No ano seguinte, ganhou o Regional Sul pela Acesa e foi o goleador do torneio, com 30 gols.
De 2013 a 2015, ele defendeu as cores do Instituto de Cegos da Paraíba (ICP). Voltou a Santa Catarina em 2016 para enfileirar mais dois Regionais com a Acesa, sempre como artilheiro da competição, além de ficar em segundo na lista de goleadores do Brasileiro de 2016: 27 gols, dois atrás de Filippe Silvestre, da Urece-RJ.
Agora, ele espera retomar os bons tempos. Primeiro, tem de recuperar a parte física. Patricio diz que pesava 86 kg e tinha mais massa muscular para aguentar as pancadas da bola azul no peito. O triátlon e a necessidade de ser mais leve e ágil o fizeram baixar para 78 kg. "Sigo sonhando. O esporte, para uma pessoa com baixa visão, é transcendental. Ele nos mantém vivos."
#Acessibilidade: Patricio pedala em uma bicicleta de dois lugares, no banco de trás. Ele usa capacete vermelho. O guia, de capacete branco, pedala no banco da frente. Foto: Arquivo pessoal.
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Renan Cacioli
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