Do goalball ao futebol de 5 em quatro dias: família Moreno não para
Por Comunicação CBDV
16/10/2019
São Paulo/SP
A história da família Moreno poderia ser contada de uma maneira triste: os três filhos do seu Damião e da dona Maria José não enxergam. Leonardo, Leandro e Leomon nasceram com retinose pigmentar, uma doença ocular rara, hereditária e degenerativa que causa deficiência visual grave. Pois é, mas tristeza é algo que passa bem distante desse pessoal, que acabou de disputar a Copa Loterias Caixa de Goalball e, em menos de quatro dias, já está na quadra de novo, mas para jogar a competição de futebol de 5.
A exceção é Leomon, que ainda nem pode se aventurar em outro esporte. Melhor jogador de goalball do planeta, ele precisa se dedicar exclusivamente à modalidade, seja na seleção brasileira ou no Santos, clube pelo qual foi vice-campeão nacional no último domingo, ao perder a final para o Sesi.
Já os outros dois, mais veteranos, defendem a Uniace, do Distrito Federal, nos dois esportes. Sábado, estiveram em quadra na derrota para o Athlon, pelas quartas de final da Série A de goalball. Nesta quarta, estrearam com vitória na Série B do futebol de 5 – a equipe brasiliense bateu o INV, de São Paulo, por 2 a 0.
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"O futebol era um complemento, mas aí virou paixão também. Não largo nenhum dos dois", brinca Leonardo, o mais velho da turma, com 35 anos, que se divide entre as duas modalidades desde 2014. Foi ele quem inspirou Leandro, de 31, e Leomon, de 25, a praticarem o goalball e o acompanharem nos treinos da Cetefe, de Brasília, cidade onde nasceram.
Em 2012, os três chegaram a figurar juntos na lista da pré-convocação para os Jogos Paralímpicos de Londres. No fim das contas, Leonardo foi o único que ficou de fora. Leandro ainda jogaria por vários anos na seleção, pela qual conquistou a prata naquela Paralimpíada e, dois anos depois, o primeiro Mundial vencido pelo Brasil na história, também ao lado de Leomon. Mas o irmão do meio confessa: o futebol de 5 sempre esteve no seu radar. "Só que pelo risco de lesão, eu não podia jogar. Mas sempre tive uma quedazinha. Quando saí da seleção, aí resolvi entrar de vez", conta.
Futuro fora do esporte
Apesar da disposição de jogar duas modalidades quase seguidas uma da outra, os dois irmãos mais velhos sabem que competir em alto nível não será para sempre. Hoje em dia, ambos trabalham com massoterapia, um conjunto de diferentes técnicas de massagens. Mas querem ir além. Leandro pretende se formar em Direito. Leonardo tem iniciação em redes de computadores e deseja montar uma empresa.
Enquanto for possível conciliar tantas paixões, porém, os Moreno seguirão incansáveis. Pelos corredores do Centro de Treinamento Paralímpico Brasileiro, palco dos principais torneios do país, não é raro vê-los caminhando juntos, quase sempre sorrindo e brincando com os colegas. Lembra daquele papo sobre tristeza, lá do primeiro parágrafo? Definitivamente, esse sentimento não combina com esta família.
Sobre a Copa Loterias Caixa de Futebol de 5
A principal competição de clubes do Brasil chega à sua nona edição desde que a Confederação Brasileira de Desportos de Deficientes Visuais (CBDV) passou a administrá-la, em 2011. Na Série B, oito times estão distribuídos em dois grupos de quatro cada. Todos se enfrentam dentro das chaves em turno único. Os dois melhores de cada grupo se cruzam nas semifinais. Ao longo de cinco dias, serão disputadas 16 partidas. A final está marcada para domingo, às 10h30. Campeão e vice se garantem na Série A de 2020.
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Renan Cacioli
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