Nota de pesar: Paulo Sérgio de Miranda, um dos pioneiros do goalball no Brasil
Paulo Sérgio posa durante Regional Sudeste 1 deste ano, no IBC, com uma placa de homenagem que recebeu da CBDV pelos serviços prestados ao goalball e ao movimento paralímpico. Foto: Renan Cacioli/ CBDV.

Nota de pesar: Paulo Sérgio de Miranda, um dos pioneiros do goalball no Brasil

por Comunicação CBDV publicado 2024/11/19 10:57:00 GMT-3, Última modificação 2024-11-19T11:21:30-03:00
Morre, aos 74 anos, ex-treinador da Seleção Brasileira feminina nos Jogos de Londres 2012 e ex-coordenador da modalidade na CBDV

19/11/2024
São Paulo/SP


CBDV (Confederação Brasileira de Desportos de Deficientes Visuais) lamenta profundamente o falecimento do professor Paulo Sérgio de Miranda, de 74 anos, ocorrido nesta terça-feira (19), no Rio de Janeiro. "Um dos mais longevos e queridos profissionais do esporte paralímpico brasileiro", como escreveu seu colega Antônio Menescal no livro "Memória Paralímpica", Paulo atuava no movimento desde o início da década de 1980. Entre outras funções, foi treinador da Seleção Brasileira feminina de goalball nos Jogos Paralímpicos de Londres 2012 e coordenador técnico da modalidade na CBDV na Rio 2016.


"O professor Paulo teve uma participação imensa no goalball brasileiro, é um cara que formou muito atleta e deixou seu legado aqui, deixou boas amizades. Todos esses anos que tive o orgulho de trabalhar com ele, aprendi bastante enquanto atleta e pessoa. Gratidão por tudo o que ele fez pelo esporte paralímpico brasileiro", disse o ex-atleta e atual secretário-geral da CBDV, Romário Marques. "O Paulo foi importante não só para o goalball, mas para todo o movimento paralímpico, porque trabalhou com outras modalidades. Mas falando especificamente sobre o goalball, ele foi um dos que iniciaram a modalidade no Brasil. Ajudou a formar muitos atletas no trabalho que ele tinha no IBC. E também muitos profissionais, e eu sou um deles. No meu primeiro dia de trabalho no Instituto, o Paulo já me chamou para ir para quadra conhecer o goalball", conta Fábio Brandolin, auxiliar técnico da Seleção Brasileira masculina e pupilo de Paulo na tradicional instituição carioca.


No Instituto Benjamin Constant, por sinal, onde tudo começou, Paulo recebeu este ano uma homenagem da Confederação pelos serviços prestados ao movimento, durante a cerimônia de premiação do Regional Sudeste 1.

 

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Paulo segura a placa que recebeu da CBDV e posa entre Fábio Brandolin, à sua esquerda, e o sensei Antônio Junior, à sua direita. na quadra do IBC, durante o Regional Sudeste 1 de 2024. Foto: Renan Cacioli/ CBDV.


Colega de faculdade na Escola de Educação Física e Desportos da Universidade Federal do Rio de Janeiro, o amigo Antônio Menescal relembra como foi o início de Paulo no goalball. "O Paulo prestou concurso para o IBC como professor de Educação Física e eu estava na banca avaliadora. Ele entrou em primeiro lugar, em 1984", conta. Naquele ano, Paulo acompanhou a Seleção Brasileira de atletismo nos Jogos Paralímpicos de Nova Iorque. "A descoberta do goalball veio um pouco depois, em 1987 ou 1988, quando ele começou a desenvolvê-lo no IBC. O goalball passou a ser a grande paixão do Paulo. No meio, ele é muito querido, principalmente por atletas, e muito bem quisto por todos os demais colegas, técnicos, dirigentes", destaca Menescal.


Pós-graduado em Educação Física adaptada, Paulo também foi técnico da Seleção Brasileira de Paralisia Cerebral nas Paralimpíadas de Seul 1988 e atuou como diretor técnico da ANDE (Associação Nacional de Desporto para Deficientes) entre 2000 e 2007. Nos Jogos de Pequime 2008, foi coordenador da equipe brasileira de bocha. Em Londres, 2012, esteve no comando da Seleção feminina de goalball que terminou na sétima colocação. "Perdi um grande amigo, um companheiro de uma jornada muito grande. Tínhamos um grupo e sempre nos reuníamos para o nosso almoço mensal, que era uma tradição. A gente teve a oportunidade de estar no último almoço. Depois o visitei, já no hospital. Estivemos juntos em muitos momentos tanto na área da deficiência visual quanto da paralisia cerebral", explica Menescal.

 

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Paulo passa instruções para a atleta Gleisy durante fase de treinamento da Seleção feminina de goalball, em 2012. Ao lado deles, o professor Ricardo, que hoje atua na Escolinha do CPB.


Nascido em Natal (RN), Paulo Sérgio passou em 2023 por uma cirurgia para a retirada de parte de um tumor no cerebelo – porção do sistema nervoso central localizada na parte de trás do crânio e relacionada a postura, coordenação, equilíbrio e controle cognitivo. Acabou falecendo em consequência do tumor, após ficar 40 dias internado. Deixa a esposa, Rosana, um filho, Rodrigo, e cinco netos.

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