Nota de pesar: Nagila Zambonatto, uma vida dedicada ao esporte inclusivo

23/11/2022
São Paulo/SP

A CBDV (Confederação Brasileira de Desportos de Deficientes Visuais) lamenta profundamente o falecimento da professora Nagila Edilamar Vieira Zambonatto, de 66 anos, ocorrido nesta quarta-feira (23), no Rio de Janeiro. Atual treinadora de goalball da equipe feminina da ARDV-MT (Associação Rondonopolitana de Deficientes Visuais), Nagila acabara de conquistar o vice-campeonato do Campeonato Brasileiro - Série B da modalidade, torneio realizado no último mês, em São Paulo. Por três décadas, ela se dedicou ao esporte paralímpico e ajudou a revelar diversos nomes do futebol de cegos e do goalball brasileiros.

"Minha amiga, parceira de goalball, de risadas e de muito trabalho. Uma tristeza imensa invade meu coração, e as lembranças vêm à tona. Desde as mais recentes, como no Brasileiro Série B, mas também tenho lindas recordações do nosso trabalho com a Seleção feminina na conquista inédita da vaga para Atenas. Sempre focada, cheia de vida e dona de uma generosidade ímpar", recorda-se a técnica Luciana Muller, que enfrentou Nagila dirigindo o Insep-SP nesta última Série B. Juntas, elas comandaram o Brasil na primeira participação do goalball do país em uma edição de Paralimpíada, em 2004, na Grécia.

Nascida em Jaguapitã, no Paraná, Nagila se mudou para o Mato Grosso em 1977 e, lá, iniciou um trabalho que modificou para sempre a história do esporte adaptado no estado. Graduada em Educação Física, começou a trabalhar no Icemat (Instituto dos Cegos de Mato Grosso) em 1982. Uma das sócias-fundadoras da AMC (Associação Mato-Grossense dos Cegos), começou em 1999 no futebol de cegos, levando a equipe ao bicampeonato brasileiro (2002 e 2003). Em 2001, formou a equipe feminina de goalball, pela qual ganhou o tricampeonato nacional. Paralelamente, desenvolvia um trabalho socioeducativo na Seduc (Secretaria de Estado de Educação), pela qual se aposentou como servidora.

"Estou sem palavras. Uma entusiasta da modalidade, amava de coração o goalball. Tive um contato mais próximo com ela esse ano, fazíamos os treinamentos em conjunto com as nossas equipes. Ela foi uma das percussoras do esporte adaptado no estado, formou vários atletas", destaca o atual técnico da AMC, Altemir Trapp, que também trabalha na base da Seleção Brasileira.

"A Nagila certamente faz parte da história do goalball brasileiro. Revelou atletas que chegaram à Seleção. Deixou a sua marca nessa história e será sempre lembrada", frisa Carla da Mata, ex-coordenadora de arbitragem da modalidade na CBDV que conviveu de perto com a professora em muitas competições.

"É uma perda muito grande para todos. Foi minha professora de orientação e mobilidade. Tivemos uma longa convivência, foi minha técnica no futebol, depois trabalhamos juntos na Secretaria de Educação. Foi uma pessoa determinada, lutadora, que gostava muito dos cegos. Queria vê-los independentes, capacitados. Me faltam palavras, é muito triste", lamenta-se Malcino de Oliveira, coordenador de eventos da CBDV. 

Nagila deixa quatro filhos e nove netos.